COVID 19

Cuidados a ter relativamente à doeça causada pelo Novo Coronavírus (COVID-19) e aos animais de companhia

Desde o final do ano de 2019, um surto de pneumonia em humanos na China tem vindo a atrair a atenção de todo o Mundo relativamente ao novo coronavirus (designado SARS-Cov-2), considerado um risco potencial de saúde pública a nível internacional. Este novo vírus foi identificado inicialmente na cidade chinesa de Wuhan, capital da província de Hubei. Entretanto, o vírus viajou por todo o Mundo, tendo chegado a Portugal a 2 de Março de 2020.
Em Fevereiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) designou o vírus de SARS-Cov-2 e a doença por ele causada foi designada por ‘Doença por Coronavírus 2019’ (abreviadamente “COVID-19”). Embora já tenham sido identificados milhares de casos de infecção em todo o Mundo, a origem exacta do surto ainda não é conhecida. Atualmente, não existe evidência que sugira a existência de um animal específico como reservatório do vírus, e as investigações continuam em curso.
 
Há muito tempo que a comunidade médico veterinária conhece infecções por Coronavírus em animais doméstico. No entanto, nem o coronavírus canino, que provoca diarreia ligeira, nem o coronavírus felino, que pode provocar peritonite infecciosa felina (PIF), estão relacionados com o surto atual de doença humana. Até ao aparecimento do SARS-Cov-2, só eram conhecidos seis coronavírus capazes de infetar humanos e provocar doença respiratória, incluindo o coronavírus da síndrome respiratória aguda, SARS-CoV (identificado em 2002/2003), que teve origem em morcegos.
 
Ao longo das últimas semanas, têm sido feitos progressos rápidos na identificação da etiologia viral, isolamento do vírus e desenvolvimento de ferramentas de diagnóstico. No entanto, ainda permanecem muitas questões importantes sem resposta, incluido a origem exacta do virus.
 
Pode encontrar nos sites seguintes a informação mais atualizada e aconselhamento relativamente à infeção humana:
 
Organização Mundial de Saúde (OMS) (www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019) 
Centros para o Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) (www.cdc.gov/coronavirus/about/index.html) 
 
A informação mais atualizada relativa à saúde animal pode ser encontrada no site seguinte:
 
Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) www.oie.int/scientific-expertise/specific-information-and-recommendations/questions-and-answers-on-2019novel-coronavirus/
 
Na sequência deste surto de doença, que está a preocupar a opinião pública em todo o Mundo, a Associação Mundial de Médicos Veterinários de Pequenos Animais publicou uma documento informativo, com questões apresentadas por tutores de animais de companhia, que pode consultar em seguida.
 
O COVID-19 pode infetar animais de companhia?
Até à data, não há evidência que os animais de companhia possam ser infetados ou disseminar COVID-19.
 
Devo evitar o contacto com animais de companhia, ou outros animais, se estiver doente com COVID-19?
O CDC faz a seguinte recomendação: “Deve limitar o contacto com animais de companhia, e outros animais, enquanto estiver doente com COVID-19, tal como deve fazê-lo face a outras pessoas. Embora não haja registo de animais de companhia, ou outros, terem ficado doentes com COVID-19, continua a recomendar-se que os indivíduos doentes com COVID-19 limitem o contacto com animais, até que seja conhecida mais informação acerca deste vírus. Sempre que possível, peça a outro elemento da casa que tome conta dos seus animais enquanto estiver doente. Se estiver doente com COVID-19, evite o contacto com os seus animais de companhia, incluindo as carícias, festas, beijos e lambidelas, bem como a partilha de alimentos. Caso não possa evitar de tratar do seu animal de companhia, ou de permanecer próximo de animais enquanto estiver doente, lave as mãos antes e depois de interagir com os animais e utilize uma máscara facial.”
Pode consultar as actualizações mais recentes no site do CDC, em www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/faq.html#2019-nCoV-and-animals
 
Caso o meu animal de companhia tenha estado em contacto com alguém doente com COVID-19, poderá transmitir a doença a outras pessoas?
Embora ainda não tenhamos a certeza, não há evidência que os animais de companhia possam ser infetados ou transmitir COVID-19. Também não sabemos se eles podem ficar doentes com este novo coronavírus. Além disso, não existe, atualmente, evidência que os animais de companhia possam constituir fonte de infeção para as pessoas. 
Os relatos provenientes de Hong Kong a 28 de Fevereiro, indicam que um cão, pertencente a um paciente infetado, testou ‘fracamente positivo’ a COVID-19 após um teste de rotina. O Departamento de Agricultura, Pesca e Conservação de Hong Kong (AFCD) relatou que o cão, que não apresenta nenhuns sinais clínicos relevantes, tem permanecido em quarentena e serão obtidas amostras adicionais, a fim de confirmar se o cão está, efetivamente, infetado com o vírus, ou se o resultado do teste foi consequência de contaminação ambiental.  
O site do AFCD refere, ainda que ‘não há evidência que os animais de companhia possam ser infetados pelo vírus da COVID-19, nem que possam constituir fonte de infeção para os seres humanos’.
 
O que devo fazer, caso o meu animal de companhia desenvolva doença inexplicável ou tenha permanecido perto de uma pessoa com infeção confirmada por COVID-19?
Ainda não sabemos se os animais de companhia podem ficar infetados ou doentes com COVID-19. Caso o seu animal de companhia desenvolva doença inexplicável ou tenha sido exposto a uma pessoa infetada com COVID-19, fale com o profissional oficial de saúde pública que esteja a trabalhar com pessoas infetadas com COVID-19, ou o médico veterinário municipal da sua área de residência. Caso o médico veterinário municipal, o aconselhe a levar o seu animal de companhia ao médico veterinário assistente habitual, contacte com a equipa do centro de atendimento veterinário antecipadamente, e informe-os que levará um animal doente, que esteve exposto a uma pessoa infetada com COVID-19.  Isso permitir-lhes-á preparar uma área de isolamento. Não leve o animal a uma clínica veterinária, salvo se tiver recebido instruções explressas para o fazer. 
 
Quais devem ser os cuidados a adotar com os animais de companhia que tenham tido contacto com pessoas infetadas por este vírus?
Embora o COVID-19 pareça ter emergido a partir de uma fonte animal, atualmente o vírus dissemina-se entre pessoas. Pensa-se que a transmissão de pessoa para pessoa ocorra, principalmente, através de partículas respiratórias, produzidas quando a pessoa infetada tosse ou espirra. Não há evidência que os animais de companhia, incluindo cães e gatos, possam ficar infetados com COVID-19.
 
Como se deve proceder com os animais de companhia nas regiões onde o vírus está ativo?
Não existe, atualmente, evidência que os animais de companhia possam ser infetados por este novo coronavírus. Assim, e até que seja disponibilizada mais informação, os tutores de animais de companhia devem evitar o contacto com animais desconhecidos e devem lavar sempre as mãos antes e depois de interagir com animais. Caso os tutores estejam doentes com COVID-19, devem evitar o contacto com os animais da casa, incluindo as carícias, beijos, lambidelas e partilha de alimentos. Caso precisem de cuidar dos seus animais de companhia ou de permanecer na proximidade de animais enquanto estão doentes, devem lavar as mãos antes e depois de interagir com eles e usar máscara facial.
 
Os médicos veterinários devem começar a vacinar os cães contra o coronavírus canino, devido ao risco de SARS-Cov-2?
As vacinas disponíveis em alguns mercados internacionais contra o coronavírus canino destinam-se a proteger contra a infecção por coronavírus intestinal, e NÃO estão licenciadas para proteção contra infecções respiratórias. Os médicos veterinários NÃO devem utilizar estas vacinas face ao surto atual, na esperança de poderem proporcionar alguma forma de proteção cruzada contra COVID-19. Não existe absolutamente nenhuma evidência que a vacinação dos cães com as vacinas disponíveis proporcione proteção cruzada contra a infecção por COVID-19, uma vez que os dois vírus constituem variantes completamente diferentes de coronavírus. Não existem, atualmente, nenhumas vacinas disponíveis no mercado contra a infeção por coronavírus respiratórios no cão.
 
 
NOTA: esta informação foi reproduzida com autorização da Associação Mundial de Médicos Veterinários de Pequenos Animais (WSAVA)